CAPELA DA LUZ
CSPT
No ano de 2011, aquando da inauguração oficial do Lar da 3ª idade de Stª
Cristina de Tendais, após a colocação da imagem da minha autoria, “Cristo
Triunfante” com a sua significativa legenda: “Apoia-se na própria “Cruz” para
chegar mais “alto”…”, foi-me pedido que estudasse a possibilidade de aproveitar
um espaço sobrante da obra do Lar para o transformar numa capela para os cerca
de 30 utentes e que simultaneamente pudesse servir como sala de conferências.
Pediram-me que fosse uma obra simples, funcional, acolhedora e confortável,
tanto para uma função como para a outra.
O referido espaço é interior, sem qualquer entrada de luz natural, mas
com extratores elétricos de ar forçado.
Procurei encontrar uma solução
estimuladora, esperançosa, mais ligada aos bens espirituais do que terrenos, e
indicando uma direção “luminosa” que leva a Deus, que é a “luz do mundo” e o
principal objetivo de todo o crente, especialmente destes utentes cuja vida se
aproxima mais do seu término terreno. Assim nasceu o nome “Capela da Luz”.
Quando se entra na capela pela porta
mais larga, a dos utentes, encontra-se logo ao lado direito, numa reentrância
fora do alinhamento, o Sacrário com uma porta quadrada, permanentemente
iluminada com uma luz amarela por detrás de uma estrela opaca de oito pontas…
Ali, mesmo ao nível dos olhos, ali, tão perto de nós, tão íntimo que apetece
segredar ao “ouvido”, todas as nossas ânsias, ali, com a certeza de que estamos
a ser ouvidos. Logo ao lado, num pedestal de vidro transparente, lindo e
discreto, está a maior de todas as intercessoras, a Mãe de Jesus, a Senhora de
Fátima a Padroeira de Portugal, a olhar para nós e a comungar dos nossos
pensamentos. Como é bom estar ali…
Olhando para o altar mor, ao fundo da capela, outro chamamento nos
aguarda e indica o “caminho”, no cimo de umas lajes em forma de degrau, e
recortando-se numa parede de azul celeste (o céu dos Bizantinos), está uma cruz de vidro iluminada, muito
transparente e brilhante que nos indica o caminho “ para chegar mais Alto”… É a
nossa esperança, a morte não é o fim…
Ao lado direito do altar, também como este, em vidro transparente,
encontra-se outro pedestal com a imagem de Stª Cristina Padroeira de Tendais e
deste Lar, aguardando a nossa oração.
Todo o mobiliário da capela, é simples, discreto, despojado de ornatos
que desviem a nossa atenção, mas o local é confortável, acolhedor e convidativo
à reflexão e oração… Não há duvida que Deus está ali.
Quando a capela é usada como sala de
conferências, tanto o altar como o espaço onde se encontra o sacrário, são
fechados com cortinas opacas elevatórias e fica uma sala retangular com
iluminação por todo o teto e com um sistema de projeção audiovisual que é
polivalente, pois também pode ser utilizada nas cerimónias religiosas num ecrã
ao centro do altar. Irá ter um sistema de microfones sem fios, discretos e
ligados às colunas de som e ao projetor.
A parede do fundo em frente ao altar mor é forrada a madeira e nela serão
penduradas disfarçadamente, como se fossem elementos decorativos, os tampos de
duas mesas e respetivas pernas de montar.
As cadeiras foram desenhadas e
executadas à semelhança das dos celebrantes no altar mor e todos os elementos
têm em comum uma barra inox que é um material discreto e que se encontra em
toda a composição.
Durante as celebrações religiosas, as cadeiras encontram-se no centro da
capela com um grande bloco retangular que dá harmonia ao conjunto e os
corredores de movimentação circundam todo o retângulo. Acho de particular
atenção, atendendo às condicionantes do publico alvo, ser o celebrante a vir
ter com os fieis para a distribuição da comunhão.
Na maior parede da capela foram colocadas 15 cruzes em aço inox com as
estações da via sacra em numeração romana, vazadas e sobriamente afastadas da
parede. São um belo e funcional elemento decorativo.
Na outra parede do lado direito do altar, vamos tentar fazer com a
colaboração dos utentes, uma tapeçaria de “Arraiolos” com tema alusivo.
Foi este projeto em desenho e maquete que os elementos da direção do Lar
aprovaram há mais de 3 anos e que, de forma alguma, eu imagino que venha a ser
alterado.
Helena Fortunato
Gaia, 22 de Abril 2015